TALON

O ARRANQUE

Começar a falar do projeto em si é difícil, mas é precisamente essa a parte mais complicada – remover um conceito do conceito, do estado da ideia e do abstrato, e colocá-lo num físico, num estado palpável e percetível. Vou tentar começar por fazer isso aqui, tirá-lo da minha estética e da realidade confusa que é o meu cérebro e descrever-ta em texto.

Claro que, considerei outras formas, que obviamente são melhores candidatos – mais (visualmente) fiéis, (talvez) mais próximos de um resultado. Falo do desenho, e falo sem rodeios – não sai. Vou tentar não encher esta parte com detalhes muito pessoais, pois defini a mim mesmo que isto agora é para evoluir e solidificar a ideia do projeto, mas faço apenas esta informação pública: tenho tido enormes dificuldades em desenhar, não sei se é uma simples disfunção eréctil da minha função artística, talvez seja. Grande maioria das minhas últimas tentativas de desenho resultaram em frustração e eu sei que não é por falta de habilidade, acho que se trata um pouco mais de falta de objetivo. “O Puck é o objetivo!” sim, é, mas o que é o Puck? O que virá a ser este Puck que iriamos “refazer”? Será um remake do Puck Adventures do Milton, o que nos conhecemos desde o seu momento de criação?

Impossível, eu não sou o Milton, eu sou o João e tu és o Artur.

Assim concluí que deveria escrever um pouco antes de desenhar, a forma não sairá de mim sem um propósito definido, sei disso. São estas as restrições da minha técnica. O Milton talvez consiga criar o Puck dele de outra forma, MAS*, para eu criar o meu Puck, não consigo levá-lo ao desempenho máximo sem um propósito desenvolvido.

MAS*:(Este “mas” que aqui coloco é um “mas” que invoca uma condição gigante - a condição de a ideia ser transcrita belissimamente para o papel e de o Milton aprovar o projeto e de este projeto entrar em produção e de ser concluído, de preferência, com a nossa satisfação…